ELEVA SAÚDE
Psicologia Clínica e Psicoterapia
ARTIGOS DE OPINIÃO
Alguns dos textos publicados no facebook da Psicóloga e Psicoterapeuta Cláudia Correia, onde expressa a sua opinião sobre temas que lhe são especialmente queridos, como as pessoas, a saúde mental, as problemáticas psicológicas e as relações humanas.
Ansiedade: “Decifra-me ou devoro-te”
A ansiedade é uma reação emocional normal que todas as pessoas têm quando pensam que algo de mal ou ameaçador lhes pode acontecer. Esta é a ansiedade que todos nós sentimos e que podemos designar de saudável, pois obriga-nos a agir, a trabalhar, motiva-nos para atingirmos os nossos objetivos, para não falharmos.
Muito diferente é aquela ansiedade frequente, que ativa medos intensos, que é sentida no corpo, que acelera pensamentos, que nos faz sofrer… Nestes casos poderemos estar perante uma perturbação de ansiedade, que se não for trabalhada poderá limitar muito o dia-a-dia da pessoa.
Os sintomas mais comuns são,
– Tensão muscular
– Sensação de “nó” na garganta
– Palpitações, ritmo cardíaco acelerado
– Dificuldade em respirar, sensação de sufoco
– Desconforto e dor no peito
– Sensação de desmaio
– Medo de perder o controlo ou enlouquecer
– Medo de morrer
– Sensações cutâneas como formigueiro
– Sensação intensa de frio ou calor
– Contrações ou tremores incontroláveis
– Medo excessivo
– Evitamento de alguns contextos por causarem desconforto
– Isolamento
O tratamento tem dois caminhos importantes: reduzir os sintomas, o que proporcionará melhorias no bem-estar da pessoa e reduzirá o sofrimento, e compreender as causas por detrás dessa ansiedade, isto é, as razões/situações/exigências que fizeram com que a ansiedade surgisse.
Assim, trabalhar efetivamente a ansiedade exige decifrá-la, para que ela não devore a nossa vida e o nosso bem-estar. Saiba que sem tratamento a ansiedade tende a aumentar, pelo aparecimento de novos sintomas ou intensificação dos sintomas já existentes.
Não se sinta diferente e estranho dos outros, saiba que cerca de 16% da população portuguesa sofre do mesmo!
Façamos renascer a tristeza nas nossas vidas
Algumas das minhas publicações podem fazer parecer que estou a apelar à tristeza, mas é exatamente o contrário. Vivemos um paradoxo estranho hoje em dia, sabemos (cientificamente!) que a nossa saúde mental alimenta-se da sinceridade com que olhamos para os nossos sentimentos e expressamos as nossas emoções, sejam elas tristeza, alegria, zanga… e andamos a caminhar no sentido oposto, onde a felicidade constante é uma obrigação, quase uma obsessão! Perante uma situação que precisa ser chorada e refletida, fugimos! Pensamos que essa fuga nos vai proteger, nos vai fazer esquecer rápido e sofrer menos, nos vai permitir sair do papel de vítima aos olhos dos outros…vamos parecer fortes e capazes de tudo. Em muitos casos este poderá ser um caminho perigoso, o caminho onde não pensamos sobre a nossa vida, não nos apropriamos da nossa história e vamos acumulando tristezas não resolvidas dentro de nós. Estar infeliz é natural, é necessário à condição humana. Estarmos com a nossa tristeza é dos poucos momentos em que olhamos para dentro de nós, refletimos, aprendemos, organizamo-nos e ganhamos forças e foco naquilo que é para nós mais prazeroso e que nos permitirá termos mais momentos de felicidade. Se perante um momento de alegria podemos facilmente rir, porque perante um momento de tristeza não nos permitimos chorar?
Depressão vs Tristeza
Existe alguma confusão entre tristeza e depressão. Frequentemente quando vemos uma pessoa a sofrer porque, por exemplo, perdeu o emprego ou teve algum desgosto amoroso, dizemos que aquela pessoa está deprimida. Não, não está! Aliás, até poderá estar mais longe da depressão que a pessoa, que perante uma situação difícil, não se permite estar com a sua dor, tentando agarrar-se a pensamentos positivos, esperançosa que tudo passe sem que seja necessário sofrer.
A depressão é muito mais complexa. Provoca apatia, incapacidade de experimentar prazer, sensação de vazio e inadequação a este mundo.
Se a tristeza se esgota com a libertação emocional, a depressão alimenta-se dessas emoções!
A depressão é uma doença que compromete gravemente a qualidade de vida da pessoa e necessita de tratamento. Não deve ser confundida com tristeza. Esta confusão pode dificultar a procura de apoio e tratamento para as pessoas que sofrem efetivamente de depressão. Assim, é importante saber identificar os sintomas mais comuns e que se prolongam no tempo:
– humor deprimido
– tristeza
– sensação de vazio
– desmotivação
– desesperança
– pouco prazer em atividades que anteriormente eram sentidas como prazerosas
– alterações no apetite e peso
– pouca energia
– cansaço
– dificuldades em manter a atenção e reter informações
– sentimentos de culpa
– pensamentos autocritica e autodepreciativos
– pensamentos sobre a morte ou morrer
Estes sintomas variam quer na quantidade, quer na intensidade e impacto destes na vida profissional, familiar e/ou social. Podemos dizer que não existe uma forma única de viver a depressão, cada um tem a sua história e cada um reage a essa história de forma diferente.
O apoio psicológico ajudá-lo-á a compreender e lidar com a sua história de vida de forma diferente, ajudá-lo-á na descoberta e compreensão do seu EU, libertando-o das emoções que alimentam a depressão.
Não esconda a sua dor, não se envergonhe dela. A depressão é uma doença que afeta mais de 8% da população portuguesa. Procure ajuda!
Depressão na Adolescência
É comum assumir-se que as crianças e os adolescentes não têm preocupações e problemas relevantes, por isso não podem ser afetados por problemas de saúde mental, como a depressão. No entanto, sabemos hoje em dia que a depressão não é uma resposta emocional a um problema ou situação, a depressão é efetivamente uma doença e, por isso, tal como os adultos, os adolescentes também apresentam sintomas depressivos/depressão que não devem ser ignorados.
Ser adolescente já exige conciliar e lidar com muitas mudanças internas e externas, se juntamente com estas mudanças surgirem sintomas depressivos que não são combatidos, o desenvolvimento saudável do jovem pode estar comprometido.
Torna-se desta forma essencial saber identificar os SINTOMAS mais frequentes:
Ao nível das emoções:
. tristeza frequente (desanimo, choro sem motivo aparente)
. irritabilidade, frustração e zanga – aumento dos conflitos
. hipersensibilidade às observações dos outros
. desmotivação e desinteresse por atividades do dia-a-dia
. afastamento da família e/ou amigos
. sentimentos de inutilidade, culpabilização e autocrítica
. desesperança no futuro
. pensamentos frequentes sobre morte ou morrer
Ao nível do comportamento:
. alterações de sono (insónias ou dormir demasiado)
. alterações no apetite
. alterações na postura, mais agitado ou mais calmo e distante
. aparência física pouco cuidada
. queixas de problemas físicos, como dores de cabeça ou dores de barriga frequentes
. alterações no desempenho escolar
. comportamentos de risco (como consumo de álcool ou drogas e alguns comportamentos sexuais)
. automutilação (como cortes e queimaduras).
Existem FATORES que aumentam o RISCO de o adolescente desenvolver depressão, sendo os mais comuns:
. Ser do sexo feminino
. Ter excesso de peso
. Ter dificuldades nas relações sociais, especialmente se existirem episódios de Bullying
. Ter sido vítima ou testemunha de violência física ou sexual
. Ter algum problema ou dificuldade que o fragiliza (por exemplo, dificuldades de aprendizagem e doença crónica)
. Se já existir consumir de tabaco, bebidas alcoólicas ou drogas
. Ter dúvidas em relação à orientação sexual
. Ter familiares com depressão ou perturbação semelhante
. Ter um familiar direto com problemas de alcoolismo
. Ter passado por algum acontecimento de vida exigente e traumático, como o falecimento de alguém importante, o divórcio dos pais ou o suicídio de um familiar próximo.
Ao CUIDADOR cabe a função de estar atento ao jovem e aos sinais de alerta que foram referidos. Caso considere que existe possibilidade de o adolescente estar deprimido, não deve esperar que os sintomas passem, pois o tempo normalmente agrava-os, tornando a situação mais sofrida e exigente para o jovem e família. É importante relembrar, que nesta faixa etária o suicídio é das causas mais comuns de morte, sendo essencial prevenir estas situações.
Em caso de dúvida, deverá CONVERSAR com o adolescente e procurar APOIO PSICOLÓGICO, para que seja realizada uma avaliação correta da situação e seja definida uma intervenção terapêutica ajustada à pessoa e família.
Promover a autonomia desde cedo
Dentro do grande conceito Educação, considero que a educação para a autonomia é dos mais importantes. Por vezes os pais consideram exagerado falar em autonomia nos bebés e crianças, mas este é um processo gradual, que acompanha o desenvolvimento da criança e a desafia para novas conquistas, tornando-a, a cada nova tarefa, mais confiante, capaz e independente.
No entanto, incentivar a independência não significa deixar a criança tomar decisões e fazer escolhas por conta própria. Significa que o cuidador deve estar ao lado da criança para lhe dar orientações, incentivar à realização da tarefa, discutir soluções e propor novos desafios, tendo em vista sempre a exploração do meio e a promoção da superação por parte da criança dos seus próprios limites, dentro do que for seguro e ajustado às suas capacidades. Assim, quando falamos em autonomia falamos em dar ferramentas às crianças para que elas façam algumas tarefas supervisionadas por um adulto e que progressivamente vão sendo realizadas apenas pela criança.
Esta autonomização reforçará a autoestima da criança, promoverá confiança, ajudará no desenvolvimento de áreas essenciais como a capacidade de planeamento e organização, orientação no tempo e espaço, responsabilização e capacidade de lidar com frustrações. Consequentemente reduzirá a ansiedade perante novos desafios, reduzirá medos e situações futuras de insegurança.
As tarefas pedidas vão mudando de criança para criança, no entanto podemos definir alguns padrões em função da idade. Dou aqui alguns exemplos:
Até aos 3/4 anos a criança já pode…
– Dormir sozinha (de preferência desde os 6/12 meses).
– Vestir e despir algumas peças de roupa mais simples.
– Descalçar e calçar.
– Comer sozinha, utilizando os talheres adequados.
– Arrumar os brinquedos, sapatos e algumas peças de roupa. Colocar roupa suja no cesto.
– Ajudar em tarefas simples durante a preparação das refeições, como encher os copos com água e barrar a manteiga no pão.
Aos 5/6 anos pode também…
– Ser capaz de se vestir e calçar sozinha.
– Dar opinião ou até escolher a roupa.
– Fazer alguma da higiene sozinha, como escovar os dentes, lavar a cara e mãos e iniciar o banho.
– Ajudar em mais tarefas domésticas, como guardar peças de roupa no armário, fazer a cama, por e levantar a mesa, tratar dos animais domésticos e regar plantas.
Aos 7/8 anos pode também…
– Tomar banho e limpar-se sozinha.
– Ajudar em tarefas mais complexas em casa, como ajudar a limpar o pó e aspirar, lavar a loiça e arrumar o quarto sozinha.
– Preparar o pequeno-almoço.
– Preparar mochila sozinha.
– Iniciar e realizar os TPC e o estudo sozinha (o apoio e a verificação final poderá ser essencial para uma correta execução, mas a criança deve ser responsabilizada por se organizar no sentido de fazer as suas tarefas escolares).
– Fazer pequenos recados ou ir à mercearia/padaria.
Aos 9/11 anos já pode ter as suas tarefas alargadas a…
– Ajudar na limpeza e manutenção do exterior da casa e jardim.
– Ajudar a lavar o carro.
– Levar o lixo e fazer reciclagem.
– Participar na preparação das refeições.
Proponha tarefas, ajuste as suas exigências à criança que tem consigo e, no final, reforce o esforço e o resultado alcançado. Orgulhe-se, e com isso promova a autoconfiança e a autoestima do seu bebé, da sua criança!
Casar, Separar, Reconstruir
O início de uma vida a dois exige a conciliação de dois mundos diferentes, de duas histórias individuais que anseiam viver uma relação de partilha, de harmonia, de paixão, de aceitação… Querem amar e serem amados, hoje e para sempre.
Mas de repente, com o passar de meses ou de anos, este “para sempre” começa a parecer demasiado longínquo, começa a ficar vazio do pleno amor que o preenchia inicialmente. Surge assim a possibilidade da separação.
Sabemos que a separação ou divórcio é dos acontecimentos mais exigentes e ansiogénicos dentro das diferentes fases pelas quais passa a família, mas ainda assim é cada vez mais frequente. Porque será?!
E esta separação não se limita ao afastamento físico, hoje em dia quando falamos em separação ou divórcio falamos num processo que, pelo menos para o membro do casal que toma a decisão, começa muito tempo antes. Quando familiares e amigos tomam conhecimento, já o casal (e normalmente também os filhos) passaram por um longo período de sofrimento e de desgaste da relação, onde a comunicação se foi deteriorando, onde já mostramos de nós e conhecemos do outro lados que não gostaríamos de mostrar e conhecer. Normalmente só depois desta rutura emocional se dá a rutura física.
Durante todo este percurso de afastamento e separação, os comportamentos, os pensamentos e as emoções vão sendo diferentes, principalmente quando não contávamos com essa decisão por parte do outro, quando não nos apercebemos desse afastamento e, de repente o nosso amor diz que se vai embora. Quando não queremos essa separação, passamos pela negação, pela zanga, pela tentativa de encontrar outras soluções, pelo sofrimento que parece não ter fim, pela sensação de desamparo total, de colapso…
A severidade e duração destes acontecimentos negativos variam de pessoa para pessoa e existem vários fatores protetores que ajudarão a uma melhor resolução desta fase de vida, sendo um dos mais importantes o apoio dos amigos e familiares. Essas pessoas poderão ajudar-nos sendo ouvintes, mostrando-nos que estão aqui para nós, que não estamos sozinhos. Podem auxiliar-nos em questões práticas, que de um momento para o outro parecem tão difíceis de fazer, como informar as outras pessoas da separação, fazer compras ou levar as crianças à escola.
Durante este processo é importantíssimo não se isolar. Tal como em qualquer outro processo difícil, é preciso sofrer pela perda, é preciso ter espaço e tempo para se reconstruir e conseguir avançar saudavelmente, mas não o faça sozinho!
O apoio psicológico também poderá ser um recurso importante para conseguir lidar com todas as reorganizações que uma separação implica (incluindo a reorganização interna, por exemplo de sentimentos, crenças, expectativas, plano futuro…) e assim, concluir de forma mais saudável todo este processo tão exigente.
Depressão: a pessoa e a família/amigos
“…comecei por tentar explicar-lhes que não me sentia propriamente triste ou negativa, tinha era uma nuvem negra à minha volta que não me permitia apreciar nada. Nem as pessoas que eu amava ou os momentos que sempre me foram prazerosos me faziam reagir. Nada!! Nada me fazia sair deste aborrecimento de vida desprovida de sentimentos. Sentia-me aborrecida, desmotivada, sozinha… Aquela solidão de quem está acompanhado mas não está a ver o mesmo filme que os outros, pois o meu filme era uma tela em branco onde eu caminho desesperada na tentativa de passar despercebida.
De início percebia que as pessoas me queriam bem e que se esforçavam para me ajudar, tentavam que eu visse o lado bom da vida, diziam que deveria ter esperança e ser positiva. O que não entendiam é que eu não conseguia!! Às vezes juntava as minhas forças e ia ao jantar de família, à caminhada da freguesia…mas não conseguia sentir nada, nenhuma satisfação. Com o tempo fui-me afastando, pois conseguia ler no rosto de quase todos “é uma pessimista, tentamos ajudar mas não quer ajuda, se está assim é porque quer pois não faz nenhum esforço para nada, só quer ficar em casa…”.
Talvez a maior das queixas das pessoas com depressão seja “ninguém me entende!”.
Na perspetiva de grande parte destes doentes, os seus familiares e amigos falham na função do cuidar porque:
– controlam excessivamente, quase como se fossem crianças;
– não são capazes de compreender verdadeiramente;
– não sabem ouvir tranquilamente, pensam que se evitarem o assunto ele deixará de existir;
– fazem chantagem emocional.
Estas são as queixas mais comuns e que levam frequentemente a um maior isolamento da pessoa e consequente solidão.
O QUE familiares e amigos devem FAZER?
– OUVIR e RESPEITAR o que a pessoa tem para dizer, ou seja, não cair na tentação de apresentar soluções milagrosas. É importante perceber que soluções como: “faz uma caminhada logo de manhã cedo, vais ficar com energia” ou “tens de rir mais, vais ver que o rir contagia e vais sentir-te melhor” podem ser extremamente frustrantes para uma pessoa deprimida, pois tem de reunir mais energias para conseguir colocar em prática essas ideias e normalmente não se sentem melhores no final. É importante voltar a referir que teoricamente o doente sabe o que deve fazer, mas a falta de energia, de motivação e de emoções não permite que nada disso aconteça ou, mesmo que aconteça, não terá um impacto significativo na mudança. No entanto, a pessoa deve ser encorajada a estar presente nas atividades/encontros, tal como todas as outras pessoas.
– Respeitar o seu espaço e estado – PERMITIR QUE ESTEJA PRESENTE sem ser o foco das atenções e das conversas com as ditas soluções milagrosas.
– Ajudar a PROCURAR AJUDA, quer na especialidade de psiquiatria quer de psicologia/psicoterapia.
A temida vulnerabilidade
Por vezes não compreendemos determinada reação que temos, não percebemos porque nos sentimos desconfortáveis em tal sítio ou na presença de alguém. Não conseguimos perceber os apertos no peito, o mau estar, os medos que nos bloqueiam…
Qual a reação mais comum? Fugir!
Fazemos de tudo para ignorar sentimentos e pensamentos que nos perturbam. Mudamos hábitos, procuramos momentos de maior tranquilidade, dedicamo-nos ao trabalho, evitamos locais, pessoas e situações na esperança de nos sentirmos melhor. No entanto, olhamos para trás neste caminho de fuga e vemos que tudo continua ali, focado em nós… está tão perto que a inquietação, o sofrimento, o medo se mantêm. E quando damos conta, de forma direta ou camuflada, somos apanhados por aquilo que estamos constantemente a evitar, às vezes durante anos.
Sabemos que o caminho para o bem-estar não está na fuga. Temos de enfrentar, entrar no turbilhão de experiências que vão acontecendo dentro de nós. É difícil? É! Por isso que normalmente fugimos no sentido contrário, para evitamos aquilo que tememos.
Mas é lá dentro, bem no fundo de nós e da nossa história de vida que vamos encontrar respostas e soluções para não termos de continuar a fugir. Neste caminho de exploração do EU, vamos contactar com experiências difíceis, com sentimentos que evitamos frequentemente. Vamos sentir-nos vulneráveis e isso pode ser assustador. No entanto, é essa experiência de vulnerabilidade que nos permite estar e sentir aquilo que receávamos e é esse enfrentamento que nos liberta, que nos dá força para sermos nós os condutores da nossa vida. E assim, atingirmos o nosso bem-estar.
As Birras
Nem sempre é fácil lidar com as birras dos mais pequenotes, certo? Há dias que parecem querer tudo e nada ao mesmo tempo.
Porque surgem, em que idade, como preveni-las e como controla-las mais facilmente?
Algumas respostas estão aqui, neste artigo do jornal Público, que subscrevo por completo.
“A idade à volta dos três anos consegue ser tão fascinante quanto desconcertante. A criança tem maior autonomia, desloca-se sozinha, fala e comunica melhor, questiona e quer perceber o que a rodeia.
Ao mesmo tempo que demonstra e tenta a sua vontade, confronta-se com o que não consegue ou não pode fazer. Quando se esgota a sua capacidade de lidar com a frustração, manifesta-se com uma birra.
As birras fazem parte do desenvolvimento normal, surgindo entre os 18 meses e os três anos. A intensidade e frequência quase sempre resultam da interacção entre o temperamento da criança e a resposta dos pais no momento da birra e na forma como a ajudam a lidar com as emoções fortes e a frustração.
Para atravessar esta fase com mais tranquilidade, os pais têm que compreender esta dinâmica de “balança”, ajustar as suas expectativas e perceber as oportunidades de intervir.
Quando tendem a ocorrer as birras?
Quando a criança se frustra por não conseguir fazer algo, é contrariada, ou não consegue expressar-se.
São mais frequentes, em situações ou alturas do dia em que a criança está cansada, com sono ou com fome.
Muitas vezes é possível antecipar os sinais de que a birra é eminente e, apesar de nem sempre se conseguir evitar, existem algumas estratégias que podem ajudar.
Que opções ajudam a evitá-las?
É melhor ficar curioso, em vez de furioso. Perceba quando a birra ocorre, antecipe e redirecione antes de perder o controlo.
Evite programas sociais longos. Se tiver que o fazer, explique à criança o que a espera e deixe-a escolher um brinquedo de conforto.
Ofereça alternativas viáveis e deixe a criança participar na escolha (por exemplo, se tem de arrumar os carros, deixe-a decidir quais quer arrumar primeiro).
Não prometa para depois não cumprir. É preferível haver uma consequência simples. Não faz sentido dizer que não vai ter prendas de Natal, que obviamente vai ter.
Dê segurança à criança, estabelecendo regras claras do que espera, adequadas à idade e à capacidade de compreensão. Nas alturas críticas como o final do dia, fomente rotinas e mantenha-as – se a criança está confortável e sabe o que a espera, comporta-se melhor.
Seja consistente na aceitação e nas consequências do comportamento. Não mude de ideias, umas vezes aceitando o comportamento e noutras repreendendo-o. Deve haver coerência entre os pais e demais cuidadores.
Por vezes a resposta tem que ser “sim”. Se a criança está sempre a ouvir “não” vai sentir-se frustrada. Escolha as batalhas que vale a pena ter!
Dê atenção ao bom comportamento da criança. Elogie quando se porta de forma adequada ou se esforça para se controlar.
E se elas surgem, o que fazer?
Mostre compreensão e empatia, mantendo a regra firme.
Distraia a criança do foco da birra, chamando a atenção para outra coisa, uma brincadeira de que ela goste, por exemplo.
Ignore a criança. Não olhe para ela, não lhe fale (ela não vai ouvir), contenha-a apenas se descontrolada e se se puder magoar.
Critique o comportamento e não a criança (explique que gosta sempre dela, mas não gostou da atitude) e avise das consequências, mas sempre de forma clara e controlada.
Se a birra ocorrer fora de casa, tente manter a calma e usar as mesmas estratégias. Se não resultar, abandone o local.
No retorno à calma, incentive a criança a verbalizar o que sentiu e perceber o que se passou. A birra é também uma oportunidade de aprendizagem.
Com o crescimento, a criança tem maior capacidade para se expressar e ganha competências para lidar com a frustração, sendo expectável que as birras vão diminuindo.
Se os pais são permissivos ou não são coerentes na gestão das birras, é mais provável que a criança recorra a esta estratégia quando se sente frustrada, e o faça com maior intensidade, frequência e para lá da idade esperada. Se as birras aumentam, se tornam mais descontroladas e acontecem nos vários contextos, “por tudo e por nada”, os pais devem considerar procurar ajuda.
Como pais, ceder algumas vezes ou não responder sempre da melhor forma é normal. O importante é que, dentro do possível, sejam consistentes e coerentes entre si na educação dos seus filhos, pensando sempre que aprender a viver com limites e a gerir emoções são competências essenciais para a vida adulta.”
Artigo original aqui: https://www.publico.pt/…/os-terriveis-tres-anos-tem-de-ser-…
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